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Existe uma realidade que acho que não é suficientemente contemplada na universidade que é como um professor que entope os alunos de trabalho não percebe que isso tem um custo econômico (e que acaba sendo espaço de reprodução de desigualdades na educação).
Mapa da filosofia francesa no século XX
Mapa da filosofia nacional no século XX
O verdadeiro sokal hoax seria alguém montar um programa com esses gpt3’s da vida que gere artigos completos sem muito esforço (talvez faltando formatação?) e que eles consigam ser aprovados sem sugestões de alteração em grandes periódicos.
esse é o “fim da filosofia” que eu defendo. A partir do momento que textos historiográficos podem ser produzidos automaticamente talvez a gente fique livre para fazer outras coisas com a filosofia.
“Dossiê hegel e marx” aí os caras vão lá e geram 300 artigos a partir de um banco de dados com todos os textos de hegel, marx e tudo que se disse sobre os dois que tem nos repositórios da vida. win win.
Uma coisa que eu fico pensando ao apresentar material didático de filosofia em ordem cronológica é que diante de um público menos habituado ao tema (ou seja jovens/adolescentes) talvez seja interessante operar um caminho contrário? Em vez de começar pela grécia começar por agora.
Fiquei pensando em uma construção invertida em que os temas e autores mobilizados seriam mobilizados por meio de recuos conforme se fizesse necessário o recuo. Começar de uma ‘imediatidade’ para então ir aos poucos dando corpo para o caráter histórico.
Em vez de começar pelas origens, pelos mitos, pelas origens, dá pra tentar pensar um grupo de questões contemporâneas (e pautada por gente contemporânea). Isso inclusive ajudaria a tornar boa parte dessa história menos alienígina, já que se começaria de um elemento comum.
Isso é completamente hipotético. Mas fico pensando se não seria possível começar por algumas questões retiradas da Angela Davis, Silvia Federici, Slavoj Zizek, Krenak e depois ir puxando os fios.
Eu acredito não ironicamente que comunismo = bem platônico.
Na verdade a minha posição é um pouco mais radical: se você se põe na empreitada dialética (começando da partilha da ignorância) o que você vai acabar fazendo é ir se aproximando progressivamente a um espírito comunista (que óbvio que num é só suas caricaturas).
Óbvio que isso não é da ordem de uma justificativa total/completa. É talvez até uma espécie de ideia regulativa. Mas acho que é extremamente racional (se entende-se por isso uma ideia de razão distante também de caricaturas) esbarrar em ideias comunistas.
thanks for coming to my ted talk
Isso num quer dizer que a ideia comunista que tou falando aqui seja algo da ordem de um conteúdo plenamente enunciável/comunicável etc. O bem platônico é uma ideia em alguma medida vazia (no sentido de que não se predica ela). Mas enfim, aí já entram coisinhas técnicas.
Isso quer dizer também que em alguma medida minha posição é um pouco parecida com a anedota que o Sahlins contava sobre o Lévi-Strauss. Que o Sahlins fez uma apresentação no seminário dele e no final ele elogiou falando (parafraseio): Que bom que você é estruturalista! Adorei!
O Sahlins não entendeu nada, não se via como estruturalista e tava ali dando aquele rolê na frança na época de formação ainda. Aí o Lévi-Strauss falou que como ele (L-S) era estruturalista e ele concordava com o Sahlins, então ele também era estruturalista.
É engraçado ver poetas do gênero “poesia carioca publicada pela 7letras”* brincando com uma linguagem memética como se estivessem expandindo o escopo da poesia quando na verdade estão eles próprios se tornando forma de propagar consumo.
Nada contra quem paga boletos (como disse o @hugosamambaia), mas acho importante que se inclua na produção uma desconfiança e atenção com os circuitos que se participa (por mais difícil que isso seja e por mais que isso machuque nossa auto-imagem).
Sobretudo quando a coisa vem com algum verniz de vanguarda, de revolução, de subversão das formas de sensibilidade ou qualquer outra forma de nomear algum movimento que se pretende politicamente engajado (para não dizer revolucionário).
*não necessariamente carioca ou da 7letras