O abandono da filosofia institucionalizada
Acho fascinante a história de pessoas inteligentes, sofisticadas, capazes de fazer contribuições incríveis (muitas vezes já fizeram) que se afastam ou abandonam a vida acadêmica do campo da filosofia.
Tem gente que faz com mais intensidade (rupturas fortes, visíveis, dramáticas), tem gente que vai simplesmente “fading away”. Mas em ambos os casos eu saio com a sensação que esses gestos tocam em uma verdade sobre como a filosofia se organiza institucionalmente hoje em dia.
Em alguns momentos eu diria que tenho uma inveja disso (já que me vejo numa posição limiar extremamente constrangedora). Em outros momentos sinto que se alguém botasse na minha frente uma oportunidade de fincar o pé firme na academia eu acabaria aceitando sem hesitar.
Sinto que existe uma certa liberdade que me é permitido por não estar totalmente conjugado no modo de vida operante da vida acadêmica. E até acho que tenho tentado assumir isso mais nos últimos tempos. Mas não sei dizer se — a essa altura — conseguiria (ou quereria) ir embora.
O que é, como disse, uma posição constrangedora. Não no sentido de algo que eu sinta vergonha, mas no sentido de que meus passos tendem a ser limitados, já que evito ao máximo participar dos rituais da disciplina quando eles não me interessam (odeio a vida de eventos, por ex).
Como eu não participo desses rituais, como eu raramente jogo o jogo (e acho que isso não é nenhuma superioridade minha, só algo que eu simplesmente não tenho saco/disposição), eu também acabo me perguntando inclusive o quanto gostaria desse tipo de vida (do que se implica dela).