O morde-assopra da crítica literária nacional
Essa “crítica literária” que você tanto fala está aqui na sala conosco?
A repetição desses textos sem fim (esse, os do Pécora e da Sussekind anos atrás) pra mim são um sintoma de que talvez nunca tenha existido no Brasil crítica literária como uma instituição relevante da cultura nacional.
Existem acadêmicos, estudiosos, historiadores. Mas crítica como uma espécie de mediador entre obras e leitores eu acho que realmente não é possível dizer. Talvez a gente tenha se enganado pela qualidade de alguns bons críticos, mas me parece uma ilusão retrospectiva.
Que tenha ocorrido debates, discussões em jornais em determinado período parece mais um sinal de que esses espaços eram apenas ocupados por uma certa elite que tinha condições de bancar a imagem de “intérprete do Brasil” enquanto certa dominação se exercia em outras áreas.
No fundo eu tenho uma aposta (culpa do @ababelado) que há um ressentimento enorme por parte da elite letrada nacional que qualquer coisa que a gente identifique como “nação” (seja para construí-la ou desconstruí-la) jamais tenha tido contribuição efetiva do campo dos letrados.
E nem entro no mérito aqui da nação como algo bom ou ruim, mas simplesmente como certos laços que existem (e que podem ser locais, não precisam abrir todo o país, mas que implicam em uma certa construção de “afinidades”) foram construído por outros meios.