Uma ética da leitura na filosofia
Tem uma operação de leitura não-dogmática de textos dogmáticos que conseguiria descrever melhor, mas que acho que é um ponto central se pensar qualquer ética interna à filosofia. Ainda mais que nem sempre conseguimos avaliar bem se o texto é ou não dogmático.
Por mais que seja difícil, me parece infinitamente melhor do que confiar no nosso taco e ir recusando os textos quando parecem dogmáticos. Pois além de jogarmos fora coisas que potencialmente podem nos auxiliar, ainda assim corremos o risco de projetar por ‘n’ razões dogmatismos.
É uma espécie de operação programada de boa fé e de confiança. Vou agir “como se” o texto não fosse dogmático, não fosse obtuso, não falasse barbaridades. É claro que existem barbaridades, mas nos casos que tou falando geralmente não aparece com tanta clareza.
Mas claro. É mais fácil denunciar certos autores, tratá-los como inimigos, falar de outros como mocinhos (como o Nail faz, quando, apesar da leitura excelente, dá a entender que “tudo poderia ter sido diferente se ao menos escutassem o Lucrécio”).