June 13, 2022

Uma tristeza inesperada

É engraçado como as coisas são. Ano passado eu simplesmente queria apenas descansar eternamente todo dia de tão cansado. Esse ano que as coisas estão andando (ainda que muito lentamente) fica só uma tristezinha de fundo que não vai embora não importa as animações temporárias.

Eu nunca me considerei uma pessoa triste (pelo contrário), mas parece que a partir desse ano tenho sempre estado com esse ruídozinho de fundo, como se qualquer deslize me fizesse recair num estado meio triste (e de modo tão constante que nem eu aguento mais ficar dessas formas).

E não é como se não fosse capaz de ser ou ficar feliz, de curtir etc. Nada disso está bloqueado. Mas é como se não conseguisse mais me livrar de certas tristezas, como se elas nunca estivessem suficientemente longes para não passarem pela minha cabeça e me deixarem magoado.

Essa mistura difícil de desembolar entre percepção dos próprios erros, de apostas equivocadas, arrependimentos com, por outro lado, impedimentos objetivos que não tenho qualquer controle e que não dizem nada sobre mim, tem tornado ainda mais difícil lidar com essas tristezas.

O mais difícil de tudo é aceitar que talvez não passe, talvez essa tristezinha faça parte de mim agora e que parte da minha frustração (que talvez deixe tão cansativo essas recaídas) é não conseguir aceitar isso, por ir tanto contra certa forma que me vejo e que me encaro.

Meu desejo de ser otimista (mais do que ser de fato otimista) me faz pensar: talvez seja agora que realmente tou sentindo algo de verdade, que devo estar vivendo algum tipo de liberdade (pelas escolhas fazerem sentido, terem efeitos, implicarem irreversibilidades).

Mas acho que por mais que haja alguma verdade nisso (e acho que há), de alguma forma é parecd uma forma de evitar lidar com as dores dessa situação, de querer expiá-las rapidamente ao encará-las como um processo de redenção que no fim só me postergaria as dores da tristezinha.


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