Uma reflexão importante sobre os problemas do ensino presencial
O problema de uma possível transição emergencial para EAD deveria forçar o corpo docente das universidades a repensarem as práticas de ensino que eles têm. Até para conseguir definir melhor os benefícios do ensino presencial, que na maior parte das vezes são uma geleia geral.
Ensino presencial é muito massa, mas os professores universitários raramente tem uma formação pra isso ou (algo que acho mais importante até) um espaço para reflexão sobre suas práticas de docência. É um misto de experiência sem troca e cada um faz segundo seu gosto.
Não dá pra defender o ensino presencial se 1) a gente não sabe o que ele é ou 2) se sua única forma de unidade é o fato de professor e aluno estarem no mesmo ambiente. O segundo ponto é o começo da investigação de possibilidades, não seu final.
Eu nem acho que a gente precise ter cursos de formação/reciclagem (que podem virar um burocratismo vazio), mas a ideia de você conversar sobre as suas práticas com seus pares e seus alunos (em espaços diferentes e também simultâneos) já seria um avanço enorme.
Infelizmente nos cursos de filosofia a docência ainda é encarado como algo menor, como uma experiência que não dignifica. Os alunos são estorvos, atrasos de vida. O trabalho de formação deles é visto como algo que atrapalha o tempo de pesquisa do professor.
Você democratiza a universidade mas ela continua sendo uma espécie de “survival of the fittest”. E sabemos quem tem mais chance de perdurar (Bourdieu das minhas aulas de licenciatura mandou recado).
Inclusive é um sintoma de algo errado que os benefícios do ensino presencial sejam geralmente associados à coisas que acontecem >fora< da sala de aula, ao tipo de socialização que emerge por conta dessa obrigação de se deslocar fisicamente pra um mesmo lugar. Enfim.