Uma leitura periferizante da origem da filosofia grega
Um comentário posterior à polêmica de ontem: pessoal fala da “Grécia” como se os caras fossem uma potência hegemônica ultraimperialista em seu tempo. Como fala o Kojin Karatani, o que tem de interessante no momento grego é justamente eles ENQUANTO periferia.
Daria talvez até pra dozer que o cosmopolitismo grego é uma estratégia de navegação que nasce dessa condição de periferia política, de estar sob ameaça constante por impérios mais fortes etc etc.
A percepção dessa condição periférica inverte a intenção de certas apropriações conservadoras, reacionárias e eurocêntricas da “grécia”. Se usa-se a pluralidade de perspectivas como condição da humanidade a partir da grécia, isso é algo que decorreria de sua condição periférica.
Não é o centro, a metrópole, o império que traz isso, pois ele é de certa forma o princípio homogenizante. E a leitura do Karatani é fundamental pra isso pois ele mostra que o surgimento da filosofia na Jônia (periferia da periferia) se dá justamente pela sua posição.