Os efeitos da profissionalização da filosofia
As vezes eu sinto que a profissionalização da filosofia (sua incorporação na universidade) foi um tiro no seu pé a longo prazo. Não sei dizer que outro caminho haveria, mas acho que a psicanálise parece ter lidado com um problema semelhante mas tomou outra via.
Eu acho também que o Olavo entendeu algo e a Contrapoints também. Mas nem falo em termos de apresentarem caminhos viáveis para outros (pois parecem caminhos singulares), mas por se darem conta de um esgotamento da via profissional e seus caminhos serem uma resposta a isso.
O aspecto prático e existencial acaba sendo estruturalmente bloqueado pelo tipo de empresa que se realiza na universidade, talvez? Pois mesmo o ímpeto do desenvolvimento científico, mesmo que não seja “utilitário”, “voltado pro mercado”, contrasta com o ímpeto da filosofia.
Qual o caminho fora dessa profissionalização eu não sei, mas acredito que de alguma forma vai acabar acontecendo em breve. A passagem da filosofia na universidade parece estar chegando ao fim junto com a luta por retirar qualquer espécie de valor humanista do campo educacional.
(justamente no momento, caso do Brasil, que a universidade começava a se democratizar. Não acho que seja por acaso que isso seja simultaneo. Esse esvaziamento apontar para o potencial emancipatório do pensamento — mesmo com todos os seus problemas, que passam a aparecer tb mais)