September 18, 2020

Um teste com a lógica da interpassividade de Pfaller

Vou fazer um exercício aqui a partir do que acho que tou entendendo da lógica do Pfaller no Illusions without owners”. Não tenho nenhuma pretensão de acertar. Mais do que acreditar”, tou só testando a lógica que ele emprega (e que posso ter entendido errado) e ver o que sai.

Se a interpassividade é a delegação de um consumo para uma mídia que consome no nosso lugar e também a delegação da crença de que há uma equivalência entre o nosso consumo e o consumo mediado para um público virtual, então dá pra pensar isso no campo da circulação da filosofia.

O que penso é que o uso de jargões efetua essa dupla delegação. Num primeiro nível pois restringir ao jargão nós estamos deixando para ele a experiência de pensar (ou seja, de ter que nos explicarmos). Por outro lado dizemos que fazemos isso para atalhar e simplificar a conversa.

Aí entraria a delegação de segundo nível? Depositariamos em outro a equivalência entre pensar e jargonizar? Talvez numa imagem meio vaga de tradição” ou de meio” que seria quem realmente acredita por nós que essas operações são iguais ainda que nós mesmos suspeitemos delas.

Aí a gente consegue jargonizar sem que necessariamente a gente se comprometa com acreditar que é fácil pensar.

De onde viria o prazer dessa delegação? Talvez do fato de que a gente não quer pensar, mas a única forma de conseguir evitar isso seja por meio dessa dupla delegação.


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