Os limites das discussões em nível de palavras
É doido como boa parte das discussões se constroem e se restringem ao nível da palavra (ou seja, se discute menos o que tá implicado quando falam “pós-modernismo” e mais no uso inadequado da palavra). Claro que há usos inadequados, mas parece que todas as discussões ficam aí.
Por um lado sinto que tem uma falta de generosidade. Em vez de se atribuir ao outro uma capacidade (“ele deve estar vendo algo que não vejo?”), o mais comum é lhe imputar uma falta (“como ele não vê os erros que tá fazendo?”). O resultado é apenas fortalecer o eu.
E entendo, ainda mais num mundo em que somos simultaneamente banalizados (existem milhares que nem nós) e hiperdiferenciados (casa um é um cristal de neve singular com suas especificidades irrepetíveis). Mas isso parece ampliar as distâncias da socialização em níveis perigosos.
Então até entendo o porquê do tempo de nóia que se gasta com “palavras” acabar sendo tempo não gasto com os conceitos (que não se reduzem ao seu significante). Ele permite que critérios visíveis de orientação se estabeleçam pela demarcação de nomes/predicados. Mas vale a pena?