Um privilégio da periferia na lida filosófica
Repetindo essa posição pois faz tempo que não digo: Não acho que faz sentido escolher autores pra amar/odiar. Normal sentir afinidades, trabalhar mais a partir de certos autores. Mas a ideia de clubinho (anti ou contra) é besta. E acho que faz menos sentido do pdv da periferia.
Tem um distanciamento irônico que sinto que é produzido pelo caráter periférico. Inclusive acho que é um luxo achar que podemos jogar esse jogo de adesão. Não consigo formular isso bem, mas acho que quem consegue lidar bem com isso (com todos os problemas dele) é o Paulo Arantes.
A gente tem até um privilégio de não precisar entrar nesse jogo do ponto de vista de primeira ordem (ou seja, encarar a coisa como simplesmente uma disputa entre teses/posições). O fato de que somos estranhos a isso nos permite enxergar a coisa do ponto de vista do ridículo.
A paralaxe (hah) aparece aí. Não como uma forma de recusar a competição entre teses e hipóteses, mas como forma de requalificar o que é isso a partir do caráter altamente ridículo da filosofia enquanto instituição e conjunto de práticas. E isso de certa forma é libertador.