June 22, 2020

Um possível desinteresse por política

Uma coisa que demorou pra cair a ficha pós-junho de 2013 é que eu não me interesso por política. Quer dizer, me interesso, mas não como politólogo. Junho foi um divisor pra mim (como pra muitos), no sentido de que em alguma medida uma certa urgência/um certo problema se impôs.

O problema é que isso não apareceu no meu caso de modo imediatamente inteligível. Passei muito tempo rodando sem rumo tentando entender o que era aquilo que tinha aparecido enquanto urgência. Cheguei a achar que era me envolver politicamente, que era pensar politicamente etc.

Sendo um adepto do gabinete (“armchair philosophy”), a culpa que me perseguia nesses momentos, por não ser suficiente fiel a esse impulso, a esse chamado, era imensa. Achava que tinha que ao menos estudar/entender política para ajudar a mudar o mundo”. É bem besta, né?

Eu demorei muito tempo para entender, no meu caso, que não me interessava estudar questões políticas. Que tinha gente mais capacitada e sobretudo mais interessada. Não que eu queira ser uma pessoa alienada, mas essa equação pensar politicamente = mudar o mundo” pra mim não rola.

Até gosto de entender certas questões políticas, de entender certas dinâmicas sociais (não estaria lendo Karatani, por exemplo). Mas pra mim acaba sendo um interesse até diletante, um pouco distanciado, sem qualquer perspectiva de rendimento desse tipo de pesquisa.

O que significa que pelo menos nesse sentido consegui alguma paz sobre as demandas internas que tenho sobre essa coisa junho de 2013”. Essas demandas acho que continuam (e sigo sem entender direito), mas pelo menos me apurrinham de outra forma.


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