Os limites da historicização da filosofia
Se os textos filosóficos não podem ser compreendidos sem historicização, há de se perguntar se efetivamente são filosóficos. Não falo de uma compreensão absoluta (dimensão de todas as referências ou implicações), mas do mínimo essencial para fazer sentido.
Por que não seriam filosóficos? Pois o elemento fundamental da filosofia me parece ser justamente a possibilidade de reproduzir (sem ser uma mera recitação) o que está em jogo ali no texto, rearticular NO PENSAMENTO (que pode ser exprimir na fala ou escrita) o conteúdo do texto.
E acho que o trabalho em cima dos fragmentos dos pré-socráticos é inclusive uma espécie de testemunha disso. São textos que sobraram muita pouca coisa, de existência bem precária, e ainda assim é o suficiente para que eles possam ser reativados.
É quase como se os fragmentos fossem encantamentos, mas cujo efeito mágico fosse uma ativação no próprio cérebro do leitor, pondo ele em contato com algo que, curiosamente, está fora dele.