Um distanciamento dos filósofos centrípetos
Eu penso assim “nunca mais vou querer mergulhar na obra de um filósofo que não conheço” aí eu leio algumas frases, leio uns parágrafos, fuço a obra e quando vejo já estou caidinho de novo.
A minha forma de me relacionar com filosofia é uma dupla torção da minha maneira de me relacionar amorosamente.
Curioso também que eu me afastei (fora uma lembrança nostálgica da importância na minha formação) dos filósofos centrais para a minha monografia (Barthes), dissertação (Nietzsche) e tese (Deleuze).
Pensando sobre o porquê de ter me afastado desses filósofos. Acho que não é simplesmente o fato de suas “teses” me desagradarem (foda-se “teses”). Acho que tem mais a ver como a escrita deles me parecer muito centrípeta (sobretudo Deleuze), condenando a uma repetição desviante.
É como se a força autoral deles fosse tão elaborada, tão “sistematizada” (mesmo que com diferenças), que fosse muito difícil escrever a partir deles sem dizer a mesma coisa (o mesmo jargão) e não dizer nada (rolar na grama) ou explicá-los eternamente sem fazer outra coisa.
Em certo sentido, acho que eles não me davam espaço para fazer outros problemas surgirem (não necessariamente “os meus” problemas, pois acho que também não é isto que me incomoda, e sim uma limitação de quão maleável é o ponto de vista a partir deles).
É o oposto do que eu encontrei em Platão (e por isso pra mim o Platão é uma certa forma um ponto de inflexão na minha formação, algo que representa uma quedra com uma série de expectativas e ideias), já que ele é um autor que me permite tratar qualquer coisa.