Três tipos de escritores
Após um sono meio insone chego à conclusão que existem três tipos de livros que importam pra mim (e suas respectivas misturas entre si):
escritores infinitos em que cada frase é apenas mais um ponto numa sequência interminável sem começo ou fim (Murnane, Ashbery);
escritores regrados em que cada livro é uma maquininha que roda como um reloginho independente (Carson, Perec, Aira).
escritores que circundam obsessivamente verdades para construir uma enunciação firme e inteligível que não caia no informe (Ferrante, Cusk).
E claro, há misturas, há gente que não cabe aí, que ainda vou gostar, gente que não li e talvez abalaria esse esqueminha e diz também muito de como eu lido com ficção, com o que procuro na ficção (que de maneira telegráfica diria que tem a ver com uma certa liberdade da forma).
Pensando nisso pois tava tentando passar a raiva de ter acordado insone lendo coisas sobre livros e esbarrei sem querer no livro “Ducks, Newburyport” da Lucy Ellmann que parece ser um caso do primeiro tipo de escrita que mencionei e que gostaria agora de ter disposição pra ler.