June 29, 2020

Sobre uma angústia na experiência da leitura

Um dos problemas da internet é conseguir navegar as inúmeras referências/recomendações sem se sentir um lixo por estar sempre atrasado. É bem massa, ao mesmo tempo tem momentos angustiantes, ainda mais que leitura é uma atividade muito ingrata (lenta e de rendimento difícil).

Inclusive, enquanto alguém que fundamentalmente lê (eu até gosto de cinema, mas sou péssimo na constância; música só consumo pra fins de entretenimento etc), eu fico sempre bastante dividido entre o amor por essa atividade e pelos livros e a dificuldade que é ler.

Ler é lento, é imprevisível (é difícil saber o rendimento de um livro até você ler), é complicado as formas de gravar aquilo na memória (ainda que um livro tenha bastante gordura, que serve pra fixar em suas repetições, marcar e anotar dá um trabalho da porra). #dramas

Por essas e outras que eu suspeito demais as pessoas que recusam uma obra-catatau que já foi positivamente avaliada por pessos confiaveis. Não é que qualquer obra grande é boa, mas imagina achar que dá pra esculachar um Kant ou um Hegel ou um Badiou da vida com um peteleco?

Minha suspeita recai não apenas no fato de que tem uma legitimidade mais ou menos confiável (e não uma legitimidade que diz que eu as acharei corretas, mas de que tem algo ali interessante ao menos), mas nas condições materiais que demandam muito do leitor.


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Sobre millenials vs zoomers Pensando no quadro e no texto que o @italoalves fez sobre millenials vs zoomers e acho que talvez comece a ficar um pouco mais claro pra mim que
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O fascínio que houve com o ‘realismo especulativo’ De novo por causa da defesa que vi ontem, fiquei me lembrando dos dramas do realismo especulativo (eu mesmo ouvi falar já muito atrasado). Muita