Sobre millenials vs zoomers
Pensando no quadro e no texto que o @italoalves fez sobre millenials vs zoomers e acho que talvez comece a ficar um pouco mais claro pra mim que ‘stalinismo’ para certas gerações significa outra coisa que ‘stalinismo’ significa para outras e que isso é fonte de dissenso.
Antes um parêntesis. Acho que “geração” não tem que ser entendido aqui como conjunto de predicados que se aplica a quem nasceu em certa época. Trata-se antes de um conjunto de predicados/valores/interesses/mídias que tendem a ser associados a um grupo de idade mas não precisam.
Voltando: Não falo aqui da diferença que stalinismo tem para gerações x/boomers, que enxergam com horror só o cheiro (o mesmo vale para maoísmo?). Entre os millenials parece ter mais boa vontade para enxergar esses fenômenos a partir de sua complexidade histórica.
Por outro lado, se você tem esse cuidado que não se enxerga em outras gerações (que só conseguem gritar GENOCÍDIO/ARQUIPELOGO GULAG), acho que, fora exceções (que tem um papel importante), ainda não tem um esforço pra voltar a mobilizar o conteúdo político desses fenômenos.
Aí que acho que rola uma ponte. Quem se envolve diretamente com o estudo desses campos, com a re-escrita e reavaliação dessas tradições acaba tendo mais abertura que serve de ponte para uma geração nova que tem essas categorias que o Italo desenvolveu. Aí eu acho que há confusão.
Pois tem uma geração aberta para reavaliar esses fenômenos, mas não pronta para assumir o que eles tem até por pesarem de modo ambíguo. Por outro lado, a geração zoomer (cf. Italo) tem uma relação com a ironia diferente da millenial, o que faz com que a apropriação seja outra.
Não sei ainda entender como os zoomers lidam com isso. Inclusive acho que o Italo só começa a tatear isso (e o mérito tá aí), mas acho que a gente não entende esses dissensos se a gente não aceita que se falam de coisas diferentes quando se defende e ‘brinca’ com stalinismo.
Pq tou pensando nisso? Pois acho que de fato como muita gente tem comentado a geração >millenial< está começando a ser eclipsada. Isso vai se acelerar ainda mais quando não formos mais a idade-alvo para o mundo de mercadorias (que parece que privilegiam adultos de 25-35 anos).
E claro, tou pensando no Memorial de Aires, que é uma espécie de relato da aprendizagem sobre o que é evenelhecer (ou seja, perder plasticidade). Estamos sendo aged-out e acho que isso implica aprender aos poucos a não torcer o nariz (ou, fazer como Aires: “preferir escutar”).