August 11, 2019

Sobre orientadores

Um mito que eu vejo circular muito é essa ideia de que o melhor é que ao menos o orientador não encha o saco”. Eu já tive essa postura e hoje acho ela bem equivocada. A maior parte da minha vida acadêmica eu tive orientadores ausentes (só no fim que as coisas mudaram).

Não que eu não acho importante que haja um orientador que respeite os nossos desejos (falo aqui, óbvio, de filosofia). Mas a ideia de ter alguém com experiência, com um ponto de vista externo e que tenta entrar no seu problema é algo valiosíssimo demais para ser descartado fácil.

Sem contar que isso é um período de formação. Tem um tempo e se você passa esse tempo sem ninguém ajudando na sua formação, bem, aí você se fudeu, você perdeu um tempo em que, em tese, uma pessoa teria uma responsabilidade profissional de te acompanhar (ou seja, não é favor).

Aí as pessoas vão dizer é assim com todo mundo’. Tá, e daí? Ainda assim é uma merda. Você ainda assim perdeu seu tempo. Algumas pessoas talvez consigam ser autossuficientes. Eu acho que em muitos aspectos eu consigo me virar, mas em outras eu vejo COMO FEZ FALTA ser lido.

E de novo, não é favor, é uma certa responsabilidade que tá incluída no trabalho da pessoa. A pessoa ganha pontos no lattes por cada orientação, aumentos salariais são calculados a partir disso, bolsas de produtividade etc. É muito problemático essa coisa de não-orientação.


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