O filósofo como “amigo do saber”
Deleuze e Guattari começam “O que é a filosofia?” de uma forma que acho que hoje seria duramente criticada. Para autores que tinham escrito um livro tecendo loas à aliança contra a filiação, é surpreendente que a primeira coisa a fazer seja marcar a origem grega da filosofia.
Mas não é simplesmente uma filiação empírica. Há um gesto que é considerado constituinte da filosofia que eles tomam como condição de possibilidade da própria filosofia (um “vivido transcendental”), que é um tópos clássico da filosofia: o filósofo como amigo do saber.
Mas ao mesmo tempo o amigo é justamente da ordem da aliança e não da filiação, de modo que esse gesto de aproximação com os gregos talvez não deva ser considerado um simples recuo à tradição genérico. Parece que se está fundando a filosofia a partir de uma prática da aliança.