Sobre “ontologias do presente”
Alguém faz alguma coisa interessante com a ideia de “Ontologia do presente”? Algo que NÃO seja explicar o conceito (apenas esboçado) na obra do Foucault.
No fundo eu acho mesmo que “Ontologia do presente” é um filho que quer se separar do pai, a “filosofia da história”. Mas é inegável que há uma relação. Cabe um pouco tentar entender o que distancia/diferencia (como a tentativa de evitar um telos previamente dado).
Em certo sentido acho que seria interessante tentar começar a definir mais por alguns exemplos, o que é complicado. Acho que O Anti-Édipo é algo que ensaia (ainda que de maneira muito esquemática), mas o próprio Foucault na medida em que elabora o curso sobre neoliberalismo.
Exemplos mais contemporâneos eu destacaria dois: O livro da Anna Tsing sobre cogumelos e os ensaios do Paulo Arantes no último livro dele. Daria pra dizer que o Flusser tenta fazer isso nos seus livros, mas ele é mais velho e tem uma certa assistematicidade que dificulta ver.
Em que sentido entendo uma ontologia do presente? É uma análise não de fenômenos empíricos, mas de categorias (historicamente contingentes) que ordenam e organizam a experiência. É a análise da gênese dessas categorias e dos efeitos específicos que se estruturam a partir delas.