Sobre o ódio à teoria
O ódio da teoria é na verdade um ódio profundo da prática.
Apenas pra não deixar no ar. Não é que “teoria seja prática” (não tou me comprometendo com isso nem recusando), mas que é da ordem da própria prática que problemas e situações surjam que estão para além da nossa capacidade de compreensão (Deleuze chamava isso de problema).
O que acontece então? Bem, chegamos ao limite da nossa capacidade de compreensão e temos duas opções: ou tentamos curvar a realidade às nossas categorias de compreensão (nosso ‘quadro conceitual’) ou procuramos refinar/alterar/criar esse quadro. Eu acho que filosofia é isso.
Por isso que digo que há um ódio profundo à prática nesse ódio à teoria. É uma recusa de lidar com problemas que são inerentes à própria prática. Para além do anti-intelectualismo, a recusa ao esforço reflexivo me parece uma forma de não escutar as demandas da própria prática.
Quando se recusa a pensar, alguém/algo (a tradição? os costumes? a mídia? a ~ideologia dominante?) acabará ocupando essa função.