A busca por um saber obsessivo em Platão
Uma coisa que eu acho que tem também saltado muito aos olhos na leitura do Platão é essa preocupação obsessiva com o conhecimento adequado para a prática política (algo que aparece também nas questôes propriamente éticas).
É sempre uma frustração se deparar com a dificuldade de encontrar algum solo seguro que seja o saber relativo à pólis. E isso me parece estranhamente relevante no momento atual, em que várias iniciativas se pōem em campo como detentoras do saber adequado: técnico, econômico, etc.
No fundo eu acho cômico, pois essas pessos tem técnicas adequadas para certos fins, mas quando aquelas técnicas são pensadas para serem aplicadas em problemas que não podem ser resumidos à finalidade inicais vão aparecendo mais buracos que em queijos suiços.
E não é um problema se deparar com limites, mas nesse ponto a tendência, como nos interlocutores platônicos, é eles começarem a ficar putos e xingar o Sócrates, falar que ele “não está entendendo” ou simplesmente vazar da discussão (é você Eutifron).
E de novo, o pensamento de segunda ordem é visto apenas como algo que atrapalha, quando deveria ser o que mostra como a questão da boa vida e da vida comunitária é mais espinhoso do que gostaríamos de admitir. Enfim, sei lá, leiam Platão.