Sobre o unitarismo platônico
A minha posição tende a ser unitarista pois eu acredito que o discurso filosófico aspira a uma certa atemporalidade (pelo menos da nossa experiência do tempo linear), aspira alcançar uma posição em que não importa a ordem intencionada mas as conexões que se tornaram possíveis.
Tem também uma outra coisa que tenho pensado, e que tem sido pelo contato breve com questões da oralidade homérica, da construção ao longo de séculos dos poemas, que é pensar o discurso filosófico como algo dessa ordem, algo que é construído independente de intenções pontuais.
O apelo ao homero seria também pra pensar outros procedimentos de criação que não estejam lastreados numa noção de um autor que controla todas as cordinhas mas que também não deixam de considerar que se tratam de obras complexas e que possuem um certo tipo de unidade.
Ambos os pontos preciso desenvolver em algum momento, mas acho que se a filosofia tem algum sentido é justamente por conseguir transitar para além do seu emissor “original” (na verdade pra mim ela é a elaboração de espaços comuns), por conseguir constituir unidades de ninguêm.