Sobre medo e esperança na política
Eu fico muito cético com essa tentativa de pautar as ações a partir de um investimento na esperança. Vejo alguns políticos e talking heads da esquerda falando disso e me parece sempre que é o apoio num afeto cilada [assim dizia Espinosa].
É um misto de voluntarismo (se você não está com esperança você está atrapalhando o movimento, como se fosse isso que fosse fazer diferença) com uma desoneração prática que joga um pouco pro alto (na expectativa de que algo inesperado surja e nos ajude).
Esperança e medo são dois lados da mesma moeda. Insegurança sobre as perspectivas que podem flutuar de uma hora para outra ao menos sinal de um indicativo contrário (já que justamente, é um investimento libidinal instável fundamentado em algo que não é seguro).
Eu lembro também do trabalho do François Jullien no Tratado da Eficácia, mostrando como parte do saber de guerra ocidental se pauta por uma lógica do “Step 1 Step 2 ????? Profit”
No fim das contas havendo coisas vagas mas fundamentais que decidiriam o combate (como coragem).