Discussões institucionais a partir de Maniglier
O livro do Maniglier que lançou esse ano é muito interessante (“La philosophie qui se fait”). Tem umas discussões sobre a posição institucional da filosofia e do intelectual (duas coisas diferentes) relacionadas ao problema da metafilosofia que dificilmente você encontra por aí.
Agora claro, o livro tem uma capa horrível. E é num formato de entrevista, que apesar de conseguir alcançar alguns pontos de profundeza (o que performa bem a imagem do filósofo que o Maniglier defende) faz sentir falta de um tratamento mais sistemático dos problemas.
Mas ao mesmo tempo, talvez justamente por ser num formato de entrevistas é que ele se permite tratar desses temas da mistura entre o institucional e o propriamente filosófico. Já que no momento parece que a única questão relevante são as que conectam diretamente com a política.
O que eu acho que acaba capengando nessa ênfase das questões diretamente políticas na filosofia é que, fora exceções (umas de gente notável, outras de gente ninguém na noite) a maior parte das vezes o tratamento parece não sair do nível da doxa. O elemento esquisito é excluído.
E eu acho que num gesto bem Platônico, o Maniglier ao fazer essa defesa do esquisito que a filosofia pode trazer (numa insubmissão completa do filosófico ao corrente) acaba tornando mais visível o tipo de contribuição (uma das) que o discurso filosófico pode ser capaz de gerar.
Tem um equilíbrio interessante ali entre não tornar a prática de um purismo que nunca existiu (e isso o Maniglier faz muito bem pelo seu próprio apelo constante às ciências humanas), mas sem que isso implique cair num plano que iguale tudo a partir de uma homogeneidade prévia.