Sobre as consequências imprevistas dos atos políticos
Uma lição importante que acho que parte da tradição comunista/socialista (pelo menos algumas, sei lá se todas, mas vejo esse esforço) tem é de não querer separar os momentos de rutpuras (apoteóticos?) das suas consequências (mesmo quando indesejadas ou por razões externas).
Talvez isso tenha sido desenvolvido em parte por conta das incontáveis cobranças, das autocríticas. Mas como um todo eu acho que é importante preservar essa ideia que qualquer tipo de ruptura, de marco >acontecimental< é também um espaço de consequências nem sempre desejáveis.
Claro que é problemático abraçar indiscriminadamente os efeitos ruins como “necessários”, mas por outro lado acho que é bem problemático tirar o corpo fora e ignorar esses efeitos como se não fosse ligados ao momento de ruptura. Acho que é difícil, mas é preciso atravessar.
E aí que acho que entra um esforço histórico. Conectar as consequências indesejáveis ao acontecimento tvz para que isso possa ser superado? Acho que tem algo de importante em aceitar que nem tudo que sai dos momentos que amamos são coisas boas, as vezes até vão contra a ruptura.
Não conheço muito, falo de orelhada, mas acho que essa seria uma postura mais adequada (ética?), já que tenta superar as dificuldades sem negar que temos partes ruins em nós mesmos.
É um pouco a minha reserva com 68 (e agora que vejo, tavam envolvidos os intelectuais franceses que eram todos meio ‘não-generosos’ em termos teóricos, como comentava acho que ontem). Eu acho que falta um pouco uma abertura pra enxergar aquele momento com mais ambiguidade.