Sobre a vergonha de ser chamado filósofo
Hoje em dia acho que entendo um pouco o meu cringe com ser chamado de “filósofo” por pessoas (ou ver outras se descrevendo como tal). É que não acho que seja um predicado, e sim verbo, não uma propriedade, mas uma prática. E uma que, além de tudo, tende para a despersonalização.
Para além dos meus problemas (que me dei conta por agora) com a questão da predicação, acho que esse em particular acaba que traindo seu sentido na medida em que se concebe ele como mero “latch of being”. Reforça-se bem aquela estrutura que seria dissolvida pela filosofia.
Inclusive acho que se me perguntassem (não perguntam) qual a definição de filosofia a minha resposta seria algo na linha de “despersonalização/impessoalização por meio da (re)articulação/ampliação conceitual da experiência”
Com o adendo que a despersonalização é justamente uma ampliação do espaço do sujeito. A pessoalização é a fetichização de uma causa única, um sujeito que receberia todos os predicados. A filosofia dissolve essa unidade ao complexificiar e evidenciar uma pluralidade de relações.