September 18, 2019

Pequena diatribe contra o ensaísmo cultural

Um ensaio sobre porque é sempre tão difícil falar sobre o ensaio.

Um artigo não é um ensaio. Uma resenha não é um ensaio. Memórias não são um ensaio. Poesia em prosa não é ensaio (a minha tomada quente é qeu prosa poética é o que a gente costuma chamar de derivação do estilo da Clarice Lispector). Jornalismo literário’ não é ensaio.

Uma postagem de blog não é um ensaio (e tá tudo bem, Mark Fisher fez muita coisa com essa forma sem que a gente precise chamar de ensaio pra valorizá-la).

Crítica de artes visuais não é ensaio. Crítica de cinema não é ensaio. Crítica de livro não é ensaio. Um texto de [french] theory” não é ensaio. Um texto com referências filosóficas não é ensaio.

O ensaio é o graal da não-ficção.

Dizer que o ensaio é a anti-forma é fácil. É só postergar o problema da sua definição (e bem, estou com Sócrates no Mênon, a impossibilidade de fechar uma definição não deve servir como desculpa para evitar o exame).

O caminho inicial possível (pois sokrático-platônico) seria o estabelecimento de um consenso mínimo a partir de alguns exemplos: Montaigne, Burton, Hazlitt, Nietzsche, Freyre, Sontag (…?)


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Sobre a vergonha de ser chamado filósofo Hoje em dia acho que entendo um pouco o meu cringe com ser chamado de “filósofo” por pessoas (ou ver outras se descrevendo como tal). É que não acho
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Um populismo climático? Alguém fala sobre populismo climático? Senão tá quicando a bola. Sinto um pouco isso no fenômeno-Greta (não nela-enquanto-pessoa, enfim, ela a essa