Pequena diatribe contra o ensaísmo cultural
Um ensaio sobre porque é sempre tão difícil falar sobre o ensaio.
Um artigo não é um ensaio. Uma resenha não é um ensaio. Memórias não são um ensaio. Poesia em prosa não é ensaio (a minha tomada quente é qeu prosa poética é o que a gente costuma chamar de derivação do estilo da Clarice Lispector). Jornalismo ‘literário’ não é ensaio.
Uma postagem de blog não é um ensaio (e tá tudo bem, Mark Fisher fez muita coisa com essa forma sem que a gente precise chamar de ensaio pra valorizá-la).
Crítica de artes visuais não é ensaio. Crítica de cinema não é ensaio. Crítica de livro não é ensaio. Um texto de “[french] theory” não é ensaio. Um texto com referências filosóficas não é ensaio.
O ensaio é o graal da não-ficção.
Dizer que o ensaio é a anti-forma é fácil. É só postergar o problema da sua definição (e bem, estou com Sócrates no Mênon, a impossibilidade de fechar uma definição não deve servir como desculpa para evitar o exame).
O caminho inicial possível (pois sokrático-platônico) seria o estabelecimento de um consenso mínimo a partir de alguns exemplos: Montaigne, Burton, Hazlitt, Nietzsche, Freyre, Sontag (…?)