Sobre a obstinação do filósofo acadêmico
Eu acho que sou muito volúvel, mas eu tenho dificuldade em entender a pessoa que passa 40 anos escrevendo artigos e livros sobre o mesmo autor. Claro que cada autor é um mundo, mas sei lá? [aprendo muito com essas pessoas, porém, e agradeço bastante a literatura que sai daí]
Por outro lado existe um tipo de historiador da filosofia que é apenas uma sombra do historiador real. É até difícil apontar, mas são aqueles que também ficam rondando anos e anos no mesmo autor mas apenas para produzir variações infinitas das mesmas palavras.
Neste caso você vê que não tem um engajamento real com a literatura (ou seja, não se acompanha o campo de pesquisa) e apenas se circula no mesmo grupo de colegas (que também parecem fazer os mesmos tipos de leituras) criando-se a falsa impressão de uma comunidade de pesquisa.
Essas figuras até podem ser bons professores, mas acho difícil ver nos seus textos mais do que um esforço de seguir com as demandas de produtividade acadêmicas. E nesse sentido entopem o mercado de falsas-exegeses que só reafirmam o que se sabia no início.