Sobre a leitura de Kittler de O Banquete
Se você forçar bem os olhos o ensaio “Eros e Afrodite” de Kittler é um ensaio sobre como um político fracassado (Alcebíades) se vingou de um amor não correspondido (ao Sócrates) ao condenar a filosofia a ser uma mera arte sedutora que embriaga e paralisa seus ouvintes.
Isso faz ainda mais sentido se a gente olha pra como discursos filosóficos/teóricos atuam nas redes. Boa parte das vezes parece que teoria/filosofia acaba mais apaziguando os ânimos do que incitando os corpos a uma ação política concreta.
Como se a simples adesão a um conjunto de teorias/ideias com teor político permitisse delegar qualquer ação ao conceitos dessa teoria e autorizassem que a pessoa em questão permanecesse na mesma posição em que estava antes de adotar tal ou tal discurso.
Claro que dá pra entender a condição de esgotamento material do mundo atual que faz com que essa preferência da via discursiva seja desejável. Mas o que Kittler mostra bem (embora talvez eu force o texto) é uma espécie de subversão da potência da fala em nome de uma regulação.