November 10, 2020

Sobre a leitura de Kittler de O Banquete

Se você forçar bem os olhos o ensaio Eros e Afrodite” de Kittler é um ensaio sobre como um político fracassado (Alcebíades) se vingou de um amor não correspondido (ao Sócrates) ao condenar a filosofia a ser uma mera arte sedutora que embriaga e paralisa seus ouvintes.

Isso faz ainda mais sentido se a gente olha pra como discursos filosóficos/teóricos atuam nas redes. Boa parte das vezes parece que teoria/filosofia acaba mais apaziguando os ânimos do que incitando os corpos a uma ação política concreta.

Como se a simples adesão a um conjunto de teorias/ideias com teor político permitisse delegar qualquer ação ao conceitos dessa teoria e autorizassem que a pessoa em questão permanecesse na mesma posição em que estava antes de adotar tal ou tal discurso.

Claro que dá pra entender a condição de esgotamento material do mundo atual que faz com que essa preferência da via discursiva seja desejável. Mas o que Kittler mostra bem (embora talvez eu force o texto) é uma espécie de subversão da potência da fala em nome de uma regulação.


Previous post
A distância entre a nossa percepção e a quantidade de informações que nos chegam De fato é um drama que a nossa percepção não esteja a altura de conseguer recolher a quantidade de informação que chega a até nós. É simplesmente
Next post
Os dois tipos de transmissão filosófica Tenho pensado como a filosofia se dá entre dois extremos de transmissibilidade que é a hiper-compactibilidade do anedótico (Diógenes Laércio e como