November 14, 2020

Os dois tipos de transmissão filosófica

Tenho pensado como a filosofia se dá entre dois extremos de transmissibilidade que é a hiper-compactibilidade do anedótico (Diógenes Laércio e como ele transmite filosofias resumidas nas fofocas dos filósofo) e uma hiper-sensibilidade (pensando no nível de minúcia de um Kant).

O primeiro circula fácil. É muito doido como as histórias meio que trazem de forma sintética a visão de mundo ou uma certa gramática de navegação apesar de curtinhas. Parece que ali tem algo que na história contada que não se deixa esgotar por não ser tocada positivamente.

Por outro lado o segundo parece que é por natureza intransmissível pelo excesso de positividade. Só pensar no monstro que é a Crítica e a maneira que ela parece resistir reduções e simplificações, quase como se não fosse feita para nós mantermos ele inteligível aos nossos olhos.

O que fico pensando é que esses dois pólos (que parecem se opor) talvez não precisem ser tomados como ideais absolutos (como se uma boa filosofia tivesse que tender para um lado ou para outro), mas como formas de expressão diferente conforme a situação ou o interesse.


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Uma questão sobre a ideia da filosofia como socialização Eu acho que filosofia é uma prática socializante (sobretudo como movimento de construção de um campo comum). Mas parece que isso é bem difícil