Sobre a figura do conselheiro filosófico
Engraçado o Huck dialogando com filósofos. Tem o Yuval Harari, agora o Sandel. Independente da qualidade deles, é curioso essa “volta à cena” do conselheiro filósofo (Olavo pioneiro disso aqui) - mesmo que seja apenas por um valor >simbólico< (pelo que representa).
Nem acho que >conselheiro< seja o papel adequado (acho que o Espinosa ao recusar a cátedra de Heidelberg tava certo), mas independente o pessoal vai continuar cagando em cima da cabeça dos filósofos no campo da esquerda? Sim. Mas os filósofos institucionais também tem culpa? Sim.
As pretensões filosóficas são um eterno problema para posições libertárias e/ou de esquerda? Sua capacidade muitas vezes é vista justamente como o problema. No campo conservador/liberal reabilita o filósofo como conselheiro ou o filósofo ornamental, o que faz sentido lá.
Agora, num mundo marcado por opressão, por valores universalistas que são, na verdade, apenas a ocasião de forçar pontos de vistas particulares, a posição da filosofia fica, com razão, sob suspeita, visto que ela mira na generalização, no universal, no abstrato*.
*Isso evidentemente não esgota a filosofia. Acho que justamente a prática, quando bem realizada, está sempre oscilando entre o concreto e o abstrato, o eterno e o temporal, o universal e o singular.