Alguns comentários a partir de O Sofista
Hoje tou pensando de novo no problema que organiza a investigação de “O sofista”. Como diferenciar o filósofo do sofista se o sofista se parece com o filósofo? (antes que viúvos da sofística que apareçam pra defender o sofista, é bom ler o Eutidemo pra entender quem é criticado)
O fato de que esse tipo de distinção foi usada muitas vezes para operar a partir de critérios arbitrários para reprimir/apagar posições institucionalmente mais fracas, politicamente mais potentes, não significa que a distinção em si é problemática.
Mesmo Deleuze (em sua ambígua relação com o platonismo) reconhece isso no seu texto final sobre Platão (“Platão e nós”), em que ele reconhece a validade do esforço de seleção. O problema é esse esforço se cristalizar a partir de uma imagem naturalizada.
Daí a sugestão dele, de substituir a seleção a partir da ideia (embora, em minha opinião, uma visão caricata demais da ideia, visto que em Platão a ideia não tem conteúdo positivo) por uma seleção a partir da potência (a partir de Nietzsche e Espinosa).