Reflexões sobre a inclusão universitária promovida pelo PT
Eu tenho a impressão que a inclusão na universidade promovida pelo PT acabou, involuntariamente, abrindo espaço (ou acelerando, sendo gatilho) para o desenvolvimento de uma espécie de ciência militante (sobretudo nas ciências humanas) que corre risco de ser abortada precocemente.
Falo aqui da mobilização politicamente interessada dos mais variados recursos teóricos para descrever, explicitar ou mesmo produzir novas perspectivas sobre fenômenos (sociais mas não só) que eram esquecidos, ignorados ou sequer enxergados.
Isso não implica um comprometimento da objetividade em nome de um relativismo pós moderno. Pelo contrário, pois esses saberes só são eficazes na medida em que são objetivos, que possuem uma certa consistência para gerarem efeitos nas instâncias nas quais eles se imbricam.
Essa ciência militante funcionaria por meio do engajamento desses saberes objetivos construídos nas mais diversas instâncias (na jurídica, na político-partidária, na burocracia estatal mas também em um certa instância existencial ao testemunhar por modos de existência frágeis.).
Não surpreende a universidade ser um alvo desses abutres. Deles fazerem questão de taxar certas pesquisas como irrelevantes. Me parece uma reação inconsciente aos perigos desse aspecto militante - ainda que disperso e desorganizado - dos saberes. Uma desmobilização preventiva.