O tempo linear é fetichizado
Tomar a experiência do tempo linear e progressivo como algo problemático em si (e que deve ser desconstruído logicamente ou metafisicamente) é ignorar as relações sociais implicadas nessa construção do tempo (cf. Postone)?
Será que dá pra dizer que um outro efeito do fetichismo da mercadoria é que as relações sociais entre as pessoas apareçam como relações sociais entre os átomos sequenciais do tempo (que tem seu sentido não de sua homogenidade, mas em exprimir certas relações de dominação)?
Pensando nisso também com base no que o Toscano e Kinkle falam do container. Eles comentam como o Container atrai a atenção de artistas e é tomado como “abstração real” do capitalismo pela forma concreta homogênea, uniforme, fungível etc que possuiria fisicamente.
O que eles comentam é que isso deixa de lado o ponto em que os containers encarnam as relações sociais do capitalismo: quando seu uso implica desvalorização do trabalho portuário, empobrecimento e distanciamento das regiões portuárias do resto da cidade etc.
O que me pergunto e devo fazer de modo meio bobo (como se alguém tivesse feito isso antes) é se essa questão não existe também nas discussões sobre “os problemas do tempo linear”. Claro, capaz disso tudo já estar no Postone e eu não ter me ligado quando li ele.