O que é que um texto de filosofia deveria fazer?
Acho que uma coisa que me irrita em ler textos de filosofia é ver a distância entre o que está implicado ali e o que eu sinto que eu deveria estar fazendo a partir deles. Ainda mais que nisso tudo há um ponto cego que diz respeito ao que os outros tomam do que eu faço com aquilo.
E quando digo “o que eu sinto que eu deveria estar fazendo” em certo sentido o que sinto que deveria estar fazendo *definitivamente* não envolve escrever respostas, puxas discussões, entrar no ciclo interminável de ecoar mais “impressões” e é justamente isso que sinto que faço.
Como falei, existe um ponto cego — terrível — sobre o efeito que as minhas ações ou reaçôes tem no outro sobretudo por eu não poder me adiantar e advinhar o que o outro quer extrair de mim. Isso é muito angustiante, sempre foi difícil de lidar.
Não existe solução no nível do meu ponto de vista e é ao mesmo tempo isso que talvez também faça o exercício da atividade interessante. Menos como um conjunto doutrinário; mais como uma certa estrutura institucional que se repete ao longo da história — gerando o que? Menor ideia.
O que é engraçado é que de fato parece que os próprios autores são assombrados pelas distâncias entre o que fazem, o mundo que imaginam e o imprevisível uso que possam ser feito deles. Mas não sei, talvez teria que analisar essa hipótese de fato, pois devo estar tirando do cu.
Formulações bem cambaleantes a partir desse excelente (mais que isso!) texto do Gabriel Tupinambá que li hoje (e que muito provavelmente levei pra outra direção da intencionada — hahaha): “Freeing thought from thinkers”