O fundo social do problema da divulgação de conhecimento
Esse debate sobre se acadêmico deve “divulgar conhecimento” nas redes ou se ele não deve (ou seja, se ele não tem uma responsabilidade ética) pra mim circula sem mencionar no grande problema que é: boa parte de quem tá indo pra esses espaços está indo pois falta emprego.
Não diria nem: falta emprego na academia; acho que é falta de emprego no geral.
Não tem nem questão de opção. Basta ver as propagandas no ig que são infindáveis e que parecem cada vez mais se aproximar de esquemas de pirâmide (vender cursos com a vibe “vou ensinar vocês a venderem produtos de educação no ig”).
Isso não é um juízo sobre quem mantém uma produção restrita ou quem resolve se arriscar nessa arena pública internética (pera: eu julgo quem vende cursos sobre como vender cursos). Pelo contrário, acho que é uma situação que evidencia uma série de problemas mais gerais.
E essa situação incômoda não aparece no âmbito acadêmico, nas instituições de formação de pesquisadores (ao menos de humanas). Isso não é considerado institucionalmente. Não vejo mudanças na forma de pensar esse processo (mestrado-doutorado) levando em conta a falta de emprego.