O fascínio pela questão das escalas
Me convertendo num “scale-truther”.
O que quero dizer com isso é que o problema da escala e da resolução é a chave pra entender o problema da perspectiva. Como se a escala fosse a “lei” da perspectiva. O difícil é não entender essa questão de forma espaço-temporal, mas sim a partir da unidade de mensuração.
Corolário: acho que a navegação entre escalas/resoluções acaba se tornando um dos principais problemas. Não apenas porque nós habitamos diversas escalas simultaneamente, mas porque muitas situações de crise parecem um descompasso entre escalas (“the scales are out of joint”).
Não tenho GABARITO pra desenvolver (falta conhecimento técnico sobre escalabilidade e sobre o caso exemplar), mas sinto que a crise de 2008 é um efeito da diferenças entre escalas sendo explorado (entre a escala das hipotecas singulares e dos empréstimos negociados em lotes).
Me toquei agora que a República é também construída num jogo de escalas e perspectivas. O problema da justiça individual é posto inicialmente a partir da “idade”, como se desse mais perspectiva, mas Sócrates depois, pra torná-lo visível, só aceita abordá-lo no nível da cidade.
O problema é que esse escalonamento não vem sem graves consequências, novos problemas, que não podem ser scaled back simplesmente. Acho inclusive por isso que no fim o Platão precisa adicionar no fim do livro X uma terceira escala (o pós-vida).
Pegando outro ponto de vista. O que acontece nas tragédias, se a gente leva a sério as análises do Bruno Snell (mas aí talvez um comentário da @krebold ajude) é uma ampliação da escala da situação de decisão (que normalmente se oculta)a partir da construção de enredos absurdos?