June 24, 2021

O desinteresse sobre a reprodução institucional da disciplina filosófica

Eu olho pra dinâmica de concursos do meu campo e eu só consigo pensar que há um desinteresse profundo institucional (ou seja, não é algo pessoal, mas que diz respeito à como a área se articula efetivamente) pelo processo de reprodução da própria disciplina.

Isso não diz respeito à figuras pontuais que de fato tentam fazer algo. Parece que fora procedimentos usuais para garantir que os seus” entrem, que não há muita reflexão sobre como manejar essas formas de acesso em direção a alguma imagem do que a disciplina deveria ser.

Esse desinteresse coletivo e institucional (que pra mim é um pouco uma das causas de ter tanto espaço para usarem concursos para fins pessoais) é pra mim até pior do que quem se aproveita de concursos. Pois mostra que realmente não se aspira a qualquer organização.

Como um amigo falou pra mim mais cedo: O que esperar também de um campo que a única força coletiva institucional (a ANPOF) é composta por programas de pós graduação? Sequer são professores (para não falar de discentes, precarizados etc). Não surpreende né.

E o pior? Os próprios discentes e precarizados, sem qualquer suporte institucional (mas são quem sofre os efeitos desse desinteresse) ficam morrendo de medo de falar qualquer coisa por medo das tão temidas represálias.

Alguém devia avisar que esse sistema — da forma como é organizado, como acaba beneficiando uns poucos, como acaba tornando inescapável participar (mesmo que a contragosto) das dinâmicas de conhecer-quem-importa” — já é uma represália pior do que qualquer ato direcionado.


Previous post
O espelho narcísico de Barthes Acho que o tanto de gosto do Barthes (independente de eu concordar ou não) trai umas características que não gosto tanto de identificar em mim. Tem
Next post
A figura do parasita na internet Um sonho que tenho é um dia escrever um texto sobre parasitas e parasitagem na internet. Na verdade não só na internet. Pois não é qualquer