O desinteresse sobre a reprodução institucional da disciplina filosófica
Eu olho pra dinâmica de concursos do meu campo e eu só consigo pensar que há um desinteresse profundo institucional (ou seja, não é algo pessoal, mas que diz respeito à como a área se articula efetivamente) pelo processo de reprodução da própria disciplina.
Isso não diz respeito à figuras pontuais que de fato tentam fazer algo. Parece que fora procedimentos usuais para garantir que “os seus” entrem, que não há muita reflexão sobre como manejar essas formas de acesso em direção a alguma imagem do que a disciplina deveria ser.
Esse desinteresse coletivo e institucional (que pra mim é um pouco uma das causas de ter tanto espaço para usarem concursos para fins pessoais) é pra mim até pior do que quem se aproveita de concursos. Pois mostra que realmente não se aspira a qualquer organização.
Como um amigo falou pra mim mais cedo: O que esperar também de um campo que a única força coletiva institucional (a ANPOF) é composta por programas de pós graduação? Sequer são professores (para não falar de discentes, precarizados etc). Não surpreende né.
E o pior? Os próprios discentes e precarizados, sem qualquer suporte institucional (mas são quem sofre os efeitos desse desinteresse) ficam morrendo de medo de falar qualquer coisa por medo das tão temidas represálias.
Alguém devia avisar que esse sistema — da forma como é organizado, como acaba beneficiando uns poucos, como acaba tornando inescapável participar (mesmo que a contragosto) das dinâmicas de “conhecer-quem-importa” — já é uma represália pior do que qualquer ato direcionado.