O compromisso implícito ao se utilizar jargões na filosofia
Há um certo luxo em abdicar de palavras, certos jargões. Mover sem elas certamente dificulta a comunicação, traz mais atrito - e não são todas as situações que pode-se passar sem elas. Ainda assim, no caso da filosofia, a coisa parece ir na direção contrária.
Quanto mais nos apoiamos em termos consensuais mais abdicamos a responsabilidade de articular localmente o que há de conceitual para além do discurso. É vital, acredito, mensurar essa distância sem a qual a filosofia não existe.
Não é surpresa que Platão seja apaixonante pra mim. Ele procede justamente por um esvaziamento dos jargões, das “grandes teorias”, ou seja, de qualquer coisa que pode facilitar a compreensão. Mas ele não faz isso por um horror à comunicação, mas por aspirar outra objetividade.