O equilíbrio do generalista e o detalhista
O problema é encontrar um gradiente adequado de mediocridade na escrita filosófica. Falo aqui de um ponto em que se abre mão da tecnicidade, da minúcia em nome do movimento, do avanço. O problema é que não existe filosofia das generalidades, sem minúcia, sem o relojoeiro.
Se a Crítica da Razão Pura é, pra mim, o modelo de obra (e irrepetível, obviamente, mas ainda assim acho que tem algo de paradigmático na sua estrutura, nas escalas que ela opera) é porque o Kant consegue equilibrar as disposições de um amante generalista com detalhes.
Articulação conceitual técnica e fina que não se deixa perder em discussões infinitas, pois o que está em jogo é um certo problema, que o obriga a deixar em aberto inúmeras questões em nome de um tratamento mais amplo.