O caráter burguês da filosofia atual
Acho que o caráter burguês da filosofia atual está mais na maneira como ela se institucionaliza a partir da universidade e da promessa de uma vida organizada em torno da oportunidade de transformar essa atividade em um trabalho que se vende do que em qualquer autor eleito.
Nesse sentido pra mim conta muito mais a dinâmica de transformação da filosofia em mercadoria e a transformação das interações em um mercado que avalia o valor dos pensamentos do que o autor ou programa filosófico que bomba no momento.
Claro que alguns “programas filosóficos” parecem ser mais afins à estrutura do mercado. Mas parecem ser aqueles que já são dominantes: a) a historiografia filosófica (lastro histórico) b) a filosofia analítica (valor “interno”e c) a filosofia continental (valor externo).
Isso poderia ser mais desenvolvido (quando vier “o livro de metafilosofia”), mas diria que no fundo o problema é que não tem como fugir dessa lógica de um ponto de vista puramente teórico (alterando o conteúdo), apenas buscando organizar outras formas de circulação do saber.