O acúmulo de panoramas superficiais da história da filosofia
Uma coisa que me ajudou na minha graduação é que antes de eu pedir transferência pra filosofia eu ficava lendo qualquer manual de filosofia (qualquer tipo, a maior parte ruim) que aparecia na minha frente. Eu consumia muito material que apresentava um panorama da sua história.
Retrospectivamente dá pra ver que isso tudo era um materia de muita baixa qualidade mesmo quando o autor tomava o maior dos cuidados. É normal e inevitável. Mas a coisa me dava um senso de localização e de ordenamento dos autores e das ideias que foi se sedimentando aos poucos.
Acho que isso acabou sendo uma das coisas que me “facilitou a vida”. Agora, porém, sinto que faltou complementar com um conhecimento paralelo dos elementos históricos. Claro que eu consigo situar algumas coisas a partir dos elementos históricos que aprendi no colégio.
Não num sentido de precisão, mas num sentido de ordenamento mesmo. Mas ainda assim eu acho que ultimamente tenho sentido falta dessa capacidade de me orientar historicamente (sobretudo pensando no campo da política e do desenvolvimento das ciências e das tecnologias).
Claro que me situar na história da filosofia me ajuda nisso (já que os filósofos são em boa parte respostas ao seu tempo), mas sinto que isso me deixa refém da situação. É como se eu acabasse invertendo a ordem das coisas. O que em certas circunstâncias não é ruim, mas incomoda.
Tenho uma hipótese sobre porque eu acho que a maior parte do material panorâmico é o suficiente para esses fins, que não precisa ser a coisa mais atualizada ou precisa, mas pra fazer isso eu teria que sistematizar a filosofia da história platônica que existe na minha cabeça.
Uma coisa que eu aprendi com o Karatani é que *detalhe demais* atrapalha se você não se toca que está trabalhando numa outra resolução de problema. O difícil é você conseguir encontrar o metro que vai ajudar você a visibilizar seu problema. E isso as vezes implica ver menos.