Meritocracia na academia
Algo que nem acho polêmico: a meritocracia na academia é a forma que desigualdades sociais (burguesas ou aristocráticas) se perpetuam na academia. Ainda assim, parece que sob mil procedimentos (peer review é apenas uma deles), esse elemento permanece absolutamente intocado.
Eu acho que isso é algo entranhado demais. Há campos inteiros do conhecimento que acho que involuntariamente acabam apenas justificando teoricamente a manutenção de certos espaços (“em nome da ciência”) que resultam sempre em excluir.
É meio bobo, meio ingênuo, mas acho que uma forma de pensar a pesquisa verdadeiramente comunista deve procurar construir espaços que recusem toda forma de competição em nome de cooperação (não basta apenas cooperar com quem já tá dentro).
É preciso conseguir desatrelar o envolvimento da pesquisa com qualquer forma de avaliação qualitativa competitiva. É óbvio que parece uma loucura isso, pois todas as formas que a gente tem de organizar a pesquisa tendem a depender de algum nível de competição.
Mas eu acho que se a gente sequer tenta experimentar isso, tenta inventar formas de conhecimento que ativamente recusam a reprodução desses critérios de mérito (e as vezes a coisa pode começar por formalismos simples) a gente está evitando o problema.
Também confesso que suspeito bastante de qualquer forma de organização do conhecimento científico que dependa da reprodução de um sistema absolutamente predatório (e que gera desigualdades e sofrimentos psíquicos incalculáveis) e que foi inventado bem recentemente.