May 17, 2021

Marxismo vulgar e trabalho extenuante

Como está sendo bom passar essa manhã esmigalhando qualquer semblante de humanidade e inteligência no processo de realização das tarefas do dia de um dos meus sete trabalhos [e que eu consiga terminar antes de meio dia para começar a fazer as tarefas dos outros].

Se eu estou cada dia mais marxista vulgar é em parte também, infelizmente, pelo caráter extenuante do tipo de trabalho que eu tenho feito nos últimos meses.

Uma coisa que tem me feito pensar: a sensação (no corpo) de que tem um caráter bastante material (físico) nos atos intelectuais. É algo que o tempo dedicado às pesquisas havia me ensinado em seu aspecto positivo. Recentemente tenho sentido o lado negativo dessa materialidade.

Não o pensamento alegre, tomando forma na sua tentativa de resolver problemas, se permitindo vez ou outra fazer saltos sem lastro suficiente pelo simples prazer de pensar que podem ser retomados depois. É o caráter bem manual do pensamento, estúpido até, em sua repetitividade.

Se eu fosse resumir um pouco alguns trabalhos que faço hoje em dia eu diria que é: um esforço intelectual, que me obriga a construir um simulacro de inteligência a fim de que os outros possam ter um anteparo para realizarem seus atos intelectuais (talvez esses menos sofridos).

Eu digo talvez pois eu suspeito que o contexto em que essa operação se dá (e as relações de trabalho envolvidas de um lado e as expectativas com o mundo do trabalho do outro) não permite também que o diálogo (e por sua vez a inteligência do outro) seja mais que uma simulação.


Previous post
Uma apresentação da pesquisa sobre a institucionalidade da filosofia A verdade é que toda a minha “pesquisa” oficial (mesmo que não pareça) é uma tentativa de inteligibilizar porque e como quando leio coisas de
Next post
A patologia da filosofia Pra mim a patologia da filosofia é ela deixar de ser centrífuga e se tornar centrípeta. Deixar de se tornar uma ferramenta para se situar diante de