January 8, 2019

Contra a inutilidade da filosofia

Hoje em dia uma das coisas que eu mais odeio é essa defesa absoluta da filosofia como algo que não serve para nada”. Como se fosse um PECADO estarmos interessados nos efeitos que ela produz.

É claro que isso tem a ver com o ócio da nobreza no mundo grego. Com o pensamento de alguém que não produz mas tem sua vida produzida por escravos e pelas suas mulheres. A crítica do Simondon às origens hierárquicas do pensamento hilemórfico vai bem no alvo desse problema.

É por isso que se a filosofia deve muito ao mundo grego, não é por isso que não devemos tomar acriticamente tudo o que foi determinado naquele momento. Essa defesa da filosofia como sendo mais nobre por ser em si” é em certo sentido reflexo dessa sociedade.

A ideia de um saber contemplativo, defendida por Aristóteles, como um tipo de saber mais nobre não pode ser descolado da estrutura social que organizava a sociedade em que essa filosofia surgiu.

Se temos como objetivo superar esse tipo condição social (algo que não me parece nem um pouco polêmico, sobretudo se pegamos a filosofia moderna - ainda que ela seja repleta de contradições que atravancariam isso) não vejo razão para perpetuar essa posição do saber filosófico.


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Sobre a suposta impossibilidade de definir a filosofia Me cansa muito os efeitos da vulgata (interna) de que a filosofia tem como principal característica a impossibilidade defini-la de modo absoluto. Eu
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A recusa da determinação filosófica A cada dia que passa eu acho que a precisão na comunicação é um elemento que deveria ser mais cultivado. A realidade equívoca da linguagem não