May 15, 2021

Comentários a partir de uma argumentação de Prioli

[comentários a partir de uma discussão entre Prioli e Monark no programa Flow em que ela deu um nó argumentativo nele]

A impressão que tinha de que ela era uma espécie de sofista média me parece confirmada nesse vídeo. Tou usando sofista aqui não como xingamento mas como alguém que consegue mobilizar na fala a força eficaz do discurso capaz de constranger a fala do outro

Quando eu digo que ela constrange é que ele poderia claro continuar falando — daí ele apelar para a percepção dele. Mas ela fala algo de tal forma que ele não consegue continuar sem quebrar alguma espécie de contrato. O que ao me os localiza ele num certo espaço discursivo.

Isso não serve para todos os ambientes e nem todos os espaços terão as mesmas regras. Mas de fato sempre me impressiona quando alguém consegue dar um nó no outro com a fala a ponto de deixar o outro gaguejando.

Aqui vai um platonismo selvagem meu, mas é também nesse ponto que ela permanece na sofística. Pois se ela consegue se pôr acima da opinião/percepção individual pelo fato de que estas não são justificadas, ela fica abaixo das ideias que em última instància também não são.

Pois claro, discutir com opiniões, dizer que elas são mal fundamentadas é algo que alguém da posição dela vai conseguir fazer (e ela faz isso muito bem, se destaca em dar esses nós). O que me incomoda é que alguém que tem uma ideia (e não uma opinião) ela trata igual.

Pois a ideia (no meu platonismo selvagem) é justamente aquilo que está além da capacidade de fundamentar, justificar, analisar com uso da razão. Ela é inacessível em certa medida (ou melhor, nós participamos nelas em certas instâncias), mas ela não é designável.

Daí talvez que me parece fazer bastante sentido que alguém que assume as posições dela (e que bota tanto valor na argumentação) seja incapaz de diferenciar quem reproduz opiniões próprias e quem está mobilizado por uma ideia que vem fora dela.

Acho que como o Badiou vê muito bem (o tema do prefácio do lógica dos mundos), são os limites de uma concepção da realidade que enxerga apenas corpos e linguagens. Sem alguma ideia de verdade (ou as próprias ideias), certas coisas simplesmente não parecem se diferenciar.

Óbvio que essa verdade também não é um conteúdo positivo, também não é algo homogenizante. Isso acabaria também acho reduzindo o que ele chama de verdade (e o que tou chamando de ideia) ao campo da linguagem, da possibilidade de justificar etc etc.


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