May 26, 2020

Circuitos locais de saber

Uma coisa que eu acabo pensando sempre — mas com frequência aparece marginalmente, meio que um resíduo que aparece de algumas reflexões — é que a valorização de circuitos locais de saber é muito importante. A coisa está muito confusa ainda como seria, é mais problema que solução.

Ela fica mais clara se penso em termos artísticos. Por exemplo, acho que faz muito sentido, num circuito pequeno, que produções artísticas de pessoas do seu círculo (restrito ou ampliado) circulem tanto ou até mais que obras externas mas que são mais bem avaliadas’.

É como se, independente da capacidade técnica, elas compensassem qualquer falta de >maestria< [embora nem sempre falte maestria, a ideia de uma maestria abstrata talvez seja o problema] pelo fato de que elas fazem sentido para aquela comunidade.

Em alguma medida eu vejo, de longe (pois imbecil como fui atrás muito pouco) os pontos de cultura como funcionando um pouco nessa lógica (por favor me corrijam), de que mais vale o fomento à produção local do que a importação de coisas que talvez não façam sentido ali.

O que não quer dizer que não haja troca entre comunidades, que isso não tem seu mérito etc. Falo apenas no sentido de um esforço que se opõe a uma falsa hegemonia chancelada por uma comunidade local que se posa de universal (pra usar termos bem caricatural: “os críticos”“).

A coisa que tenho me perguntado é, portanto, o que seria isso no campo do saber? Acho que dá pra vislumbrar um pouco isso em circuitos religiosos, mas ainda não parece exatamente isso (o porquê é algo que teria que explorar). Enfim, QUESTÃES.


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