As semelhanças nas filosofias da natureza de Platão e Deleuze
Não é sexy, mas pensando aqui, se realmente formos coerentes, o planômeno (plano de consistência) deveria ser relacionado ao papel das ideias no Timeu. Pois justamente se trata da “ordem” que existe na metafísica deleuziana.
O plano de consistência tem a ver com a determinação de limites. A máquina abstrata não é um vale tudo e nem é caos. Acho que dá pra pensar nela enquanto um princípio de ordem, mas uma que produz heterogênese.
Nesse esquema, então, os elementos aberrantes seriam próximos ao caos (desterritorialização absoluta). Isso é algo muito pouco explicitado pelo Deleuze e Guattari, quase um deus ex machina, mas ok.
Por fim, como falei acima, a khora seria justamente o diagrama, que é a instância na qual acontece a mistura propriamente dita.
Quanto ao demiurgo, bem, previsível que não haja nada do tipo, mas imagino que se for despersonalozado (como no Filebo), pode-se talvez pensar que essa “causa” da individuação é o elemento problemático, que no Mil Platôs aparece como o fora (ok, esse aqui é difícil mesmo).
(errata: a máquina abstrata é associada ao diagrama e não ao plano de consistência)
O interessante é que apesar dos ajustes,o esquema deleuziano cabe direitinho na organização do Timeu. Importante lembrar também que o Timeu (como mostra o Schelling) já tem uns elementos que parecem prever a filosofia transcendental (leiam o ensaio do Schelling sobre Timeu).
Não é que o Deleuze repete o Platão (não repete, como Schelling tb n), mas vai se tornando visível uma continuidade de problemas centrais pra filosofia da natureza. Sobretudo a tentativa de entender esse oroboro que procura entender que natureza produz um ser que pensa sobre ela.