Alguns comentários sobre a figura do rei-filósofo
O que eu acho que as pessoas “esquecem” ao zuar a figura do rei-filósofo, é que da maneira como ele é descrito, é uma posição “ingrata” do ponto de vista dos desejos da cidade: pessoas que vivem sem bens, dividindo tudo, sem parceiros sexuais, transparente a todos os cidadãos.
A cidade ideal (que é a segunda cidade apresentada no diálogo) é uma cidade em expansão para dar conta dos desejos ilimitados de seus cidadãos. Os reis, porém, como aponta a Debra Nails, ainda vivem em condições semelhantes à vida comunitária proposta pelo Sócrates inicialmente.
Não chega a ser um modelo clastriano de poder, mas certamente estamos distante de qualquer figura autoritária que concentra na mesma figura do poder a autoridade do governo e o gozo dos frutos produzidos pela sua governança.